terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Um conto de Natal

O Natal estava próximo. Mas ele não tinha absolutamente um espírito natalino naquele momento. Por quê? Olha, se ele quisesse, podia contar as mais comoventes e drmáticas histórias que um ser humano pode vivenciar, afinal ele era escritor, imaginação não lhe faltava. Só que ele preferia ser sincero: não tinha nenhum motivo aparente pra estar naquele baixo astral em pleno dezembrão. Apenas sentia o vazio dentro de si. Um vazio tremendo, gigantesco mesmo, mas também impenetrável. Não adiantava fuçar de quem era a culpa. Nenhum trauma de infância, nenhum problema no emprego, e de forma alguma impotência sexual. Também não se sentia vítima do consumismo desenfreado. Ele se adaptava muito bem a esse estilo de vida. Dava graças a Deus por ser desprovido de preconceitos moralizantes, como ele costumava tachar essa dificuldade que as pessoas têm de aceitar as imposições do titio Capitalismo. Enfim, padecia de um mal sem causa, que o levara até a praça central da cidade, onde agora se encontrava. Estava bem diante da fonte, cuja iluminação fora inaugurada recentemente. A água subia vermelha, ou melhor, brilhantemente vermelha, a cor escolhida para representar o entusiasmo natalino que se alastrava por todo o planeta. Quem dera ele pudesse fazer parte dessa multidão que se encantava com algo tão singelo como a fonte, em seu eterno circular de água iluminada. Olhou o relógio. Já era tarde. Precisava voltar pra casa. Não que sua mulher fosse ciumenta. Mas ele precisava dormir, um novo dia de trabalho aguardava-o amanhã.  Deu uma última olhada na fonte. Virou-se. Colocou a mão no bolso para pegar as chaves do carro. Sentiu um baque na cabeça. Caiu. Quando acordou, estava num lugar semelhante a um porão rochoso, muito úmido. Encontrava-se sentado numa cadeira reclinável, dessas que se encontram facilmente em consultórios de dentistas. Sentia uma leve ardência no braço direito. Olhou e percebeu que havia um agulha enfiada nele, conectada a uma mangueira, por onde seu sangue escoava. Quando deu-se conta onde essa mangueira dava, gritou. Gritou forte. Alto. Berrou mesmo. Estava horrorizado. Ninguém apareceu para lhe ajudar. Então era isso? Assim que tudo aquilo acabaria? Não queria acreditar, mas sabia no seu íntimo que não havia escapatória. Afinal, a água da fonte tinha de continuar vermelha.

2 comentários:

Fernando Neves - KroSS disse...

Simplesmente: medo.

Não sei pq, mas está me dando vontade de escrever algo macabro tbm.
uiahIUahUH!!!

Gostei pakas k'ra.

Eu tava me sentindo esse k'ra aí da tua história. Mesmo tento tudo, estando bem e talz... um vazio me consome.

T.T

Parabéns(pra não perder o costume!).

Nícholas Mendes disse...

sim sim
me indentifiquei com o cara,no começo do texto.
Completamente perdido.Pleno Dezembro,só festas e festas,natal,amigos etc... e ele perdido,aparentemente triste.
Até parece eu.Feliz?Nem um pouco.To perdido ainda,sem rumo.Totalmente se inspiração.Não consiguo escrever mais nada.Nem um verso.Talvez sejam as férias que fazem isso.
Ah!To desviando muito do assunto.
O texto me deu medo!Total!
Cara,como vc pensa uma coisa dessas?Sabia que eu me imaginei na praça de Prudente,vendo a fonte e derrempente eu me apaguei?
Caraca...Não quero que isso aconteça comigo.Do mal!
Mas....muito bom
parabéns!