quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ilogicidade ou Millôr revisitado

Sólidas formações incolores perpassam anis elétricos refulgentes. Corre. Corre corre corre corre corre. Vamos fugir? Não. Não curtia Skank. Não gostava de Skank. Odiava Skank. Foda-se o Skank! Agora anda. Anda... anda... anda... Ainda anda a onda? Ondas não andam. Qualquer um sabe disso. A lápide marmórea convida  para alguma coisa que não seja comer cachorro-quente. Lápides não combinam com cachorros-quentes nem com begônias. O rato passa correndo e entra num buraco. Como não tem enterro, pra que onomatopeias? Será que os outros nunca ouviram ratos passando por aí? De qualquer modo, com toda a certeza já se refugiaram em cavernas labirinticamente intrincadas moldadas por forças ocultas dentro da mente. Pensa. Pensa ... hic... pensa... hic, hic, hic... pen... hiiiic. Não se pode pensar soluçando. Precisa de um susto. Nada melhor do que a terra cheia de minhocas revolventes para acalmar espíritos aflitos e refrescar quenturas nos pés. Os índios andam descalços. E pelados também. Por isso trocam as minhocas por mandiocas. Ou macaxeiras, caro nordestino. Quer dizer, barato, quem manda aquele povo ter tanto filho, depois querem ter altos salários. Pff. Que façam pós-doutorados e depois venham discutir. Ah, pra quem ainda tem alguma esperança, desistam da rapadura, ela é produto japonês. Como diz o ditado, pode ser doce, mas é dura, ou algo do tipo. Quem se importa com sintaxe desde que Bilac morreu? Contudo, nunca se esqueça... oooopaa, quase caiu. Queria era voar. Voooaaaarrr. Livre no ar. Eita rima besta. Não adianta, por mais que tenta acaba saindo. Como merda. Vem nas horas mais impróprias. Pior quando é líquida. Ninguém segura. Putz, teve um insight:: o Brasil não passa de diarreia, como bem previram os militares uns trinta, quase quarenta anos atrás. Agora me diga uma coisa: como pode o peixe vivo viver fora da água fria? Pergunte pro Juscelino, oras. Falando nisso, hora de descansar. E torcer para o sono vir. Senão, santo Sulpan. Ou se não? Talvez senão seja um seno bem grandão que em cima do cossenão vira tangentona. Ah, se Pitágoras tivesse previsto isso... Peraí, cadê o narrador? Deve ter sumido ou ido ao banheiro. Daqui a pouco volta. (...)³ De repente caiu e bateu a cabeça - não disse que ele vinha? O cérebro vazou. Daquele dia em diante, uma poça permanente é vista na calçada.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Feriado na metrópole

A rua deserta. Feriado na metrópole. Praias lotadas, montanhas nem tanto. Mas cidade vazia. Exceto por ele ali naquela rua varrida pelo vento que mais parecia um furacão quase arrancando sua cabeça do pescoço seu olhos secos começando a lacrimejar sua boca impiedosamente entortada suas bochechas querendo cobrir a face toda. Consequência da idade tudo vai caindo como Newton já previra um bocado de tempo atrás e se enchendo daquela flacidez deprimente. Anyway (como diria um daqueles personagens de seriados americanos que ele tanto gostaria de ser meu deus daria tudo pra se tornar um friend da Jennifer Aniston) estava ali, naquela rua, com uma vaga esperança de que poderia enfrentar a fúria eólica (credo que coisa mais greco-latina como odiava isso desde as aulas de literatura se pudesse teria matado Homero Dirceu Marília deitados na relva e não podia se esquecer do crápula que era o Bilac) que parecia não oferecer chance pruma trégua. A bem da verdade mal sabia pra onde andava qual era seu rumo, tinha impressão de que sua casa ficara uns dois quarteirões pra trás mas sentia que precisava seguir em frente. Passou diante do ponto de ônibus em que costumava parar todos os dias pra ir trabalhar. Como sentia nojo daquele monte de papel colado no banco a prefeitura devia fazer algo talvez passasse lá pra bater um lero com o prefeito nossa isso foi demais lero era do tempo do seu tataratataravô. Mas que ironia o vento levou um daqueles papéis direto pro seu rosto, retirou afobado com medo de germes invisíveis como eles faziam mal porém a mensagem que lá estava escrita era exatamente do que precisava nem que fosse encomendado sairia tão bem assim tratou de metê-lo logo no bolso e foi correndo o mais rápido que pôde precisa de um telefone sorte que tinha pagado a conta do seu. Subiu correndo as escadas do predinho de três andares em que morava quase tropeçou como aquela dona caquética que morreu semana passada bem feito pra ela. Abriu a porta do apartamento correndo nossa tinha esquecido quanta bagunça precisava arrumar odiava desordem. Tirou o casaco e começou a catar tudo o que estava espalhado. - Intermezzo: o papel cai do bolso direto no chão. - Tinha acabado mas de repente vê um pedaço de papel no chão que nojo devia ser um daqueles que a gente encontra no ponto de ônibus não pensou duas vezes jogou logo no lixo. De repente, sente algo estranho. Olha pela janela. A rua deserta. Feriado na metrópole.