terça-feira, 29 de julho de 2008

Traição e suas conseqüências

Sabe uma daquelas situações em que você se sente traído e cai numa apatia tremenda por causa disso? Pois é. Esse não era o caso dela. Sim, ela fora traída, mas não permaneceu apática nem deprimida nem qualquer coisa desse tipo. Ela sentiu raiva. Ira. Ódio. E que se danassem os sete pecados capitais! A solução era simples: destruir a fonte de onde emanava todas essas perturbações. Ok, fica fácil quando se trata daquele velho vaso de porcelana feio pra burro que sua tia-avó te deu num Natal longínquo. Mas, em se tratando de pessoas, aí a coisa complica. O problema não era tanto ser presa, afinal tinha um contato íntimo com o Gilmar Mendes. O caroço do angu era o ato em si. Matar alguém não é uma coisa que se faça todo dia. Ainda mais matar aquela pessoa em particular. Sempre a acompanhara, não faltando em um único momento de sua vida, só que não dava pra suportar o peso daquela traição. Entregara-se completamente à fúria, nem consciência tinha de seus próprios pensamentos. E quanto mais esse sentimento crescia dentro dela, menores se tornavam os receios quanto ao homicídio que estava prestes a cometer. Enfim, chegou o momento da decisão: não conseguiria suportar mais a existência daquele ser miserável, estava pronta para o crime. Se ela estava desse jeito, a sua vítima tinha grande culpa, sendo passível, portanto, de sofrer o devido castigo. Arrumou-se toda, caminhou até o lugar adequado, carregou a pistola e, sem hesitar, puxou o gatilho. A bala perpassou sua cabeça, e ela caiu morta, deixando uma mancha de sangue ao redor.

P.S.: Porque a pior coisa é trair a si mesmo.

sábado, 26 de julho de 2008

Depoimento

Olá. Sabe, foi muito difícil pra mim chegar até aqui. É o tipo de coisa que você não sai falando pra qualquer um na rua, mas eu sinto que, se não der logo um jeito, vou pirar. Primeiro, quero deixar bem claro quão humilhante é minha situação. Por favor, peço que não me julguem; tenham certeza que eu já me puni bastante por isso. Tudo começou quando era criança ainda. Mal sabia das conseqüências de meus atos, via com os olhos da mais pura inocência. Essa foi minha ruína. Mesmo ouvindo os conselhos de outros, persisti obstinadamente na minha idéia. Já na adolescência comecei a sofrer por isso. Infelizmente, minha mente já estava totalmente dominada, em estágio irreversível. Que vontade de voltar atrás! Que vontade de fazer tudo diferente! Hoje, tenho essa úlcera, esse cancro que me consome e corrói, em cada minuto, cada segundo de minha parca existência. Já procurei, de todas as formas possíveis, me ver livre novamente. Tentativas vãs. Simplesmente não consigo. Cheguei ao ponto, vejam bem, de vir aqui, publicamente pedir ajuda, pois já não sei o que fazer. Informo-lhes com pesar que só resta de mim a carcaça, estando minha alma deveras obstruída. Perdão por minha melancolia. Desejo-lhes, do mais profundo de meu ser, que nunca passem por isso. Sem mais aborrecer-lhes, venho dizer, aqui, neste momento, que sou um viciado em amor.

P.S.: Só pra registrar, é tudo fictício.

P.P.S.: Nícholas, obrigado pelos seus poemas, que me deram a inspiração.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Da natureza da morte

Olhava pro balde. O balde olhava pra ele. Tinha enchido bastante de amaciante. Com água, claro. Queria que tudo fosse bem cheiroso. Odiava fedor. Principalmente de suor. Por isso costumava lavar cada peça de roupa sua três vezes. Quatro, dependendo do dia. Logo, era bastante compreensível que ele quisesse tornar esse momento tão especial algo com o cheiro bom. Seria como seu último desejo. Agora ficou fácil, né? Sim, o cara planejava a própria morte. Afogando-se num balde. Cada louco com sua mania, mas tudo bem. Agachou-se. Nunca fora muito de rezar, essas coisas. Sua única crença era o poder de limpeza do OMO. Rapaz, nunca vira sabão em pó tão eficiente assim! Uma vez experimentou aquele tal de Ace. Ô treco ruim! Tá, chega de papo furado. Suas pernas começaram a tremer. E nem tente chamá-lo de covarde, porque morrer afogado num balde não é pra qualquer um não. Respirou fundo. Última vez que ele faria isso. Muito bem, vamos acabar logo. Enfiou a cabeça na água. Com amaciante. Aguentou firme. Sentiu seu pulmão começar a se encher. Resisitu. Seu corpo já estava na dança da Mariazinha (Pânico forever!), mas ele resisitiu. De repente, apagou. Quando abriu os olhos, viu uma luz branca. Tcharam . . . Estava num quarto de hospital. Puxa, ele era uma espécie de ser imortal então. Deicidiu que, a partir daquele dia, poderia fazer qualquer coisa que quisesse. Foi pra casa todo animado. Mas, como nada é perfeito, dois dias depois foi atropelado por um caminhão de lixo e morreu instantaneamente.

P.S.: O caminhão de lixo foi idéia do Katayama.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Loucura

A profissão de psicólogo não é lá essas coisas. Sabia muito bem disso. Quer dizer, no fundo, bem no fundo, Pscicologia fora sua última opção após dois anos tentando Medicina. Pelo menos não estava desempregado. Droga, essa nunca funcionava! Certo, era forçado a admitir que, em termos profissionais, sua vida era uma merda. Desde a faculdade sabia disso, mas tentava se enganar. E no ponto alto de suas reflexões, teve de parar. Alguém tocou a campainha. É, seu dia começara. Agora, pra valer. Foi atender. Uma jovem. Nos seus vinte e poucos anos. Bonita. Cabelos loiro-acastanhados. Preferia ruivas, porém ela estava de bom tamanho. Sentaram-se. Chegou a murmurar um bom dia, sem resposta. Já se acostumara a esses pacientes meio doidos. De repente, ela olha-o fixamente. Ele mantém o contato visual. Por quase três minutos. E então, os gritos começam. A mulher tinha ficado doida. Gritava com todas as forças de seus pulmões. E ele lá, paralisado. Esse é o tipo de coisa que não se estuda na faculdade. Começou a revisar em sua mente todas as síndromes mais estranhas das quais já ouvira falar. Nada se encaixava. A gritaria ficava mais e mais forte. Então, ele resolveu: começou a gritar também. Alto. Intensamente. Durante um bom tempó, ficaram naquele campeonato de gritos. Até que ela se deu conta. Levantou-se. Ainda gritando, aproximou-se dele e beijou-o. Como nunca havia beijado.

Escolhas

A geladeira possui uma mística toda especial. Pena que nunca ouvi falar qual é, mas tudo bem. Aquela mulher parece que sabia. Fitava sua geladeira de forma tão compenetrada, assustadora até. Olhando pra ela, várias coisas poderiam passar pela cabeça. Freud com certeza diria que suas relações sexuais não davam certo, logo via o seu eletrodoméstico como uma metáfora para caracterizar essa situação. Ou ela teria sido estuprada na infância pelo pai e queria um lugar seguro pra se esconder. Se bem que, dentro da geladeria, ela poderia pegar um baita ressfriado. A questão é tentar decifrar o que se passa na cabeça de alguém com fixação por geladeira. Ah, quase me esqueci de um detalhe importantíssimo. A porta estava aberta. Do aparelho de refrigeração, claro. (Só uma coisa: detesto ter que usar termos equivalentes pra evitar repetições desnecessárias, ou seja, sinônimos são um saco.) Portanto, concluímos que ela não estava nem aí pra conta de energia elétrica. E também tinha consciência ambiental zero. Infelizmente, essa pessoas ainda existem. Mas voltando pra essa pobre senhora . . . Tá, esquece o tratamento formal: era uma mulher feia e gorda que não sabia o que fazer da vida. E, sinceramente, é melhor eu ter pena de mim mesmo, já que ela não tem jeito. O mais interessante dessa história toda é com o quê aquela dona lá perdia tanto tempo. Simples, pra não dizer óbvio: deveria escolher manteiga ou margarina? No fim, optou por chocolate.

P.S.: Totalmente sem noção . . .

Coelho urbano

Na verdade, já estava cansado daquela boate. Coisa normal quando se visita o mesmo lugar pela décima vez seguida. Aliás, essa seria uma ótima justificativa para o desânimo que sentia. Mas sabia que não era. O cerne do problema residia na sua imensa incapacidade para travar relacionamentos afetivos com alguém do sexo oposto. Tradução: ele só levava toco. E isso é uma coisa interessante, porque não era tão feio assim. Nem tão chato. Ficava exatamente num nível mediano. Pensando bem, talvez o motivo para o seu fracasso seja exatamente esse. O mundo está cheio de pessoas medianas. Apagadas. Que não fazem falta. As mulheres reparam muito nisso, pelo jeito. Se não, o que explicaria sua solidão? Ele pensou um pouco e decidiu que já era hora de mudar. Tinha potencial. Conseguiria facilmente se plenificar de outra maneira. Não, não pensava em virar gay. Até já tentara, mas . . . ops, desculpa, certos detalhes da intimidade não devem ser explorados. Então, foi pro meio da pista de dança. Tocava Black Eyed Peas, mais especificamente "Pump It". Claro, a solução era essa! E começou a pular. Como se fosse alcançar o céu. Cada pulo libertava mais sua mente. Nunca se sentira tão bem assim. Resolveu ser mais audacioso. Tentou um pulo extraordinário, daqueles de fazer inveja ao Jadel Gregório (em ano olímpico, é sempre bom valorizar o esporte XD). E foi. Com fé. Bastante, diga-se de passagem. Só que, óbvio, aconteceu uma coisa não muito agradável. Na verdade, nada agradável. Extremamente detestável. Ele bateu a cabeça no globo do teto e caiu de mal jeito, quebrando o pé. Ficou inconsciente (era muito fraco pra dor), só acordando no dia seguinte, num quarto de hospital. Pra piorar, a enfermeira era lésbica.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Coisas da vida

- Pai, por que as pessoas morrem?
- Ahn . . . Olha, filha, a vida é como um novelo de lã. Tudo começa na ovelha, que dá lã. Aí sua mãe compra no mercado. E tricota. Ou faz crochê. Não importa a peça de roupa que ela faça, aquele monte de lã vai se desfazendo pra dar origem a uma outra coisa. Depois de algum tempo, o novelo começa a acabar. Até que não sobra mais nada do original.
- E aí, o que acontece?
- Sabe de uma coisa, filha? Eu nunca tricotei. Nem fiz crochê.
Cri, cri, cri . . .
- Mas você bebe cerveja, certo?
-Sim, por quê?
- Nada não, é que eu acho uma droga.
Cri, cri, cri . . .
- Vamos tomar sorvete?
-Eba!

P.S.: Certas coisas é melhor a gente simplesmente aceitar.

Fraqueza

O encontro estava bom. Ele discorrera sobre os mais variados assuntos, expusera seus lados mais distintos (com aquela ajudinha do uísque, claro). Então aconteceu. Aquilo que nunca poderia acontecer. Algo abominável para o ser humano. O silêncio. Sim, ninguém suporta o silêncio. É constrangedor. Simplesmente a ausência de palavras. Assim como a morte é a ausência da vida. Exatamente isso. O silêncio é a morte social. Indica que os vínculos entre as pessoas se romperam. Por mais forte que seja o sentimento, o silêncio engole-o, naufraga-o. Essa era sua visão. Ficou longos minutos naquele situação. Intermináveis minutos. As mãos começaram a suar. Anteveio a idéia do fracasso. Veio o tremor. Tinha raiva de si mesmo. Não conseguia nem manter uma conversa em pé. Depois começou a sentir insegurança. Abaixou a cabeça um instante. De onde tirar forças? Era um completo inútil. Deveria ter sido abortado. Pois não fazia isso agora? Abortava o encontro. Minava as chances de dar certo. E então, a única coisa pior que o silêncio apareceu. Uma lágrima. Solitária. Símbolo máximo da fragilidade. Conexão íntima da alma com o resto do mundo. Ergueu a cabeça. O rosto à sua frente permanecia inflexível. Imutável. E, lentamente, o espelho escorregou de suas mãos.

P.S: Desculpem a divagação, circunstâncias exigiram.
P.P.S.: Nícholas, acho que essa se parece com seu estilo.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Paralisia

Mais uma vez no mesmo consultório. Sentou-se na poltrona azul. Ainda lembrava-se da primeira coisa que a psicóloga lhe falara: "Escolha um dos azuis". Na verdade, já estava farto de tudo aquilo. Olhou para o ar-condicionado. 24º. Inflexíveis. Sempre lá. E isso, mais uma vez, proporcionou-lhe aquela já conhecida sensação de tédio, paralisante, mortificante. Exatos 45 minutos depois, saiu, com a sensação de ter ficado ainda mais vazio. Como das outras vezes. Expunha sua intimidade visceralmente e não recebia nada em troca. Andava desolado. Por dentro. Sua aparência exterior era apática, como uma paisagem sem cor. Ou melhor, cinza. Sua vida era cinza, numa eterna indefinição ente o preto e o branco. Já se acostumara. Será? Pelo menos tentava. Mas, num segundo, tudo pareceu mudar. Um baque. Acidente de trânsito. Vidro pra todo lado. Sirene. Luzes. Ele, petrificado, olhava. Surge à sua frente uma mulher, fora sua namorada de infância. Sangue no chão. Ela começa a conversar. Uma pomba no céu. Pessoas sendo retiradas do meio das ferragens. A voz. A pomba some por entre os edifícios. E ele pensa que pode mudar, pode fazer tudo diferente. O acidente penetra-lhe nas veias, a mulher envolve-lhe a mente. Só precisa identificar um detalhe. Para ter certeza. Para libertar-se. Olha para a esquina. O termômetro marca 24º.

Conexões

Ele não gostava dela. Muito menos ela dele. Mas, por motivos que ninguém sabe explicar, casram-se. E, não sendo infertéis, tiveram filhos. Depois netos. Estes últimos foram a maior contribuição que puderam dar, porque um deles, menininho de 4 anos, matou uma formiga (até onde eu saiba, isso não é crime ambiental . . . Ei, seria uma boa idéia criar a ONG "Formigas Forever", né?). A questão que muda toda a história é a folha que esse pobre inseto carregava. Uma folha verdinha, no auge da sua majestosa existência, cujo destino seria mofar infinitamente no formigueiro e que, agora, graças ao seu pequeno herói, convertera-se numa morte digna. Essa folha viera de muito longe, na verdade de uma praça nos confins da cidade. O lugar fora o maior point da cidade quando a Alzira era jovem (XD), mas hoje está às moscas. Exatamente ali, havia uma lata de lixo (não sei por que, pois ninguém ia praquela joça). Dentro dessa lata, encontrava-se uma única folha de jornal, extremamente peculiar, já que nela tinha a foto de uma certa pessoa muito interessante. Sabe quem é? Nem eu. Fim.

P.S.: Porque isso aqui não é "Casos e Acasos" . . .

A fibra

Ela era uma fibra. Vegetal. Estava numa árvore, dessas que se usam pra fazer papel. A condição de fibra acabava com ela, quer dizer, é uma indefinição muito grande, provocadora de graves crises existencialistas (nunca se sabe onde uma começa ou termina), mas enfim, isso é assunto pra um outro post. Ela ficara sabendo (não me pergunte como) que, um dia, viraria papel. Mal podia esperar. Seu maior sonho era ser folha sulfite, porém se contentava se fosse parar num caderno. Sentia até calafrios ao imaginar uma caneta, um lápis ou mesmo a tinta da impressora deslizando por ela. Até que, um dia, a árvore onde ela estava foi levada pra fábrica e passou por todos aqueles procedimentos de tirar a casca, picar, até virar papel. Já na embalagem, a fibra morria de excitação. Chegava a suar (?) de nervoso. Uma pena que ela não pudesse ver (??) o que acontecia à sua volta, pois estava no meio da folha, por sinal muito lisa. Estranhava que suas "colegas" estivessem tranqüilas, até mesmo melancólicas. Felizmente o papel foi comprado logo. Chegando à casa do seu novo dono, a fibra estranhou que não fosse para o escritório, e sim para um cômodo estranho, o qual ela nunca imaginara (obs.: a essa altura, seu ângulo de visão melhorou um pouco). Aí então ela caiu em si: já ovira falar nesse que era o inferno das fibras, mas, à essa altura, ela já estava limpando a bunda de alguém como você.

P.S: Destino mais triste pra ela, não?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Um final feliz

Ela sempre morrera de curiosidade pra saber o que o marido ocultava dentro do misterioso baú, mas ele nunca a deixara sequer aproximar-se do quarto onde a arca ficava. Foi por isso que, quando a esposa viu-se totalmente sozinha em casa, correu pro quarto. Parou diante da porta e fitou-a. Não costumava desobedecê-lo, e nada dera errado no casamento até então, pelo contrário, teve suas expectativas amplamente superadas. Até pensou em dar meia volta, só que a tentação de entrar foi aumentando, até que ela cedeu. Dentro do cômodo, apenas o baú. Tão pequeno, e ao mesmo tempo tão expansivo. Emitia uma aura poderosa, que dominava a mente dela, não sendo nada no mundo mais importante que abri-lo. Enfim, a mulher aproximou-se do objeto e puxou a tampa (só não me perguntem por que o imbecil do marido dela tinha deixado sem trancar . . . ), encontrando números de contas secretas na Suíça. Nesse momento, ouviu rangidos na escada (obs.: espero que todos tenham imaginado o quarto no sótão, quer dizer, é meio óbvio, em qualquer história desse tipo fica no sótão, mas se não sabiam disso, bem, só posso dizer que são muito sem cultura XD) e virou-se abruptamente, o coração palpitando, as mãos, geladas, só pensou em rezar qualquer coisa. Olhou a porta e viu entrando, de forma triunfal, um rato feio pra burro. Então, mais que depressa, pegou o baú, fugiu pra Europa e viveu feliz pra sempre.

P.S.: se você achou isso muito tosco, então não se iluda, porque a vida é assim.

Primeira vez

Estava nervoso. Era sua estréia naquilo. Olhou pro céu, o luar banhava a relva macia onde se encontrava. Começou a tremer, as mãos suando frio, pensou em desisitir de tudo, mas, ao olhá-la, entendeu que deveria continuar. Seria muito desrespeito, afinal ela lhe esperara durante o dia todo. Ele é que fora tão covarde a ponto de adiar o momento até não poder mais. Mas tudo bem. Posicionou-se adequadamente. Sim, porque se você ficar desajeitado, certamente sofrerá uma nada agradável dor nas costas. Olhou para ela e acaricou-lhe levemente as mamas. Tem que tomar cuidado para que tudo saia perfeito. Lembrou-se então so conselho do pai: faça movimentos ritmados, comece devagar e vá acelerando até sair tudo. Ele procurou manter a calma e foi fazendo conforme lhe ensinaram. De repente, viu o líquido branco jorrando e sorriu. Conseguira finalmente! Afastou-se dela e parou pra apreciar aquele momento quase mágico pelo qual passara. Por fim, tomou coragem e saiu gritando: já sei tirar leite de vaca!

P.S.: Já foi pensando besteira né . . .

A vida como ela é

O sujeito usava óculos. Nada mais coerente pra quem tem 5 graus de miopia. Na verdade, 4,75 num olho e 5,25 no outro. É, ele era chato a esse ponto. Mas o problema é que chovia. Sim, eu sei que vão pensar "E o que tem chover?". Realmente, a chuva não possui nenhum grande significado. Agora quando você a coloca junto com óculos, as lentes embaçam. E isso atrapalhava a vida do pobre homem. De repente, ele percebeu que aquilo trazia um significado muito especial. O esperado seria alguma metáfora como a minha visão do mundo é embaçada pela água que me jogam ou qualquer coisa nesse sentido. Aí todos bateríamos palmas e elogiaríamos a veia poética do cara, a profundeza de seu pensamento. E daquele dia em diante a vida dele mudaria, do tipo "Meu Deus, preciso falar com fulano, o que eu fiz foi tremendamente errado", ou então ele terminaria dando uma de filósofo e ficaria o resto da história lamentando, enfim, teríamos um daqueles finais típicos de contos de revelação, onde qualquer peido vira motivo reflexões intensas. Felizmente, o homem é questão é absolutamente normal, daqueles vão ao banheiro (porque é impressionante como os grandes personagens têm suas necessidades mais básicas negligenciadas). E, naquele momento, um único pensamento perpassou sua mente: preciso usar lentes de contato