quarta-feira, 23 de julho de 2008

Loucura

A profissão de psicólogo não é lá essas coisas. Sabia muito bem disso. Quer dizer, no fundo, bem no fundo, Pscicologia fora sua última opção após dois anos tentando Medicina. Pelo menos não estava desempregado. Droga, essa nunca funcionava! Certo, era forçado a admitir que, em termos profissionais, sua vida era uma merda. Desde a faculdade sabia disso, mas tentava se enganar. E no ponto alto de suas reflexões, teve de parar. Alguém tocou a campainha. É, seu dia começara. Agora, pra valer. Foi atender. Uma jovem. Nos seus vinte e poucos anos. Bonita. Cabelos loiro-acastanhados. Preferia ruivas, porém ela estava de bom tamanho. Sentaram-se. Chegou a murmurar um bom dia, sem resposta. Já se acostumara a esses pacientes meio doidos. De repente, ela olha-o fixamente. Ele mantém o contato visual. Por quase três minutos. E então, os gritos começam. A mulher tinha ficado doida. Gritava com todas as forças de seus pulmões. E ele lá, paralisado. Esse é o tipo de coisa que não se estuda na faculdade. Começou a revisar em sua mente todas as síndromes mais estranhas das quais já ouvira falar. Nada se encaixava. A gritaria ficava mais e mais forte. Então, ele resolveu: começou a gritar também. Alto. Intensamente. Durante um bom tempó, ficaram naquele campeonato de gritos. Até que ela se deu conta. Levantou-se. Ainda gritando, aproximou-se dele e beijou-o. Como nunca havia beijado.

Um comentário:

Nícholas Mendes disse...

simples,
ela era poetisa.
E o que ela tinha era O "MAL DOS POETAS"