quarta-feira, 23 de julho de 2008

Coelho urbano

Na verdade, já estava cansado daquela boate. Coisa normal quando se visita o mesmo lugar pela décima vez seguida. Aliás, essa seria uma ótima justificativa para o desânimo que sentia. Mas sabia que não era. O cerne do problema residia na sua imensa incapacidade para travar relacionamentos afetivos com alguém do sexo oposto. Tradução: ele só levava toco. E isso é uma coisa interessante, porque não era tão feio assim. Nem tão chato. Ficava exatamente num nível mediano. Pensando bem, talvez o motivo para o seu fracasso seja exatamente esse. O mundo está cheio de pessoas medianas. Apagadas. Que não fazem falta. As mulheres reparam muito nisso, pelo jeito. Se não, o que explicaria sua solidão? Ele pensou um pouco e decidiu que já era hora de mudar. Tinha potencial. Conseguiria facilmente se plenificar de outra maneira. Não, não pensava em virar gay. Até já tentara, mas . . . ops, desculpa, certos detalhes da intimidade não devem ser explorados. Então, foi pro meio da pista de dança. Tocava Black Eyed Peas, mais especificamente "Pump It". Claro, a solução era essa! E começou a pular. Como se fosse alcançar o céu. Cada pulo libertava mais sua mente. Nunca se sentira tão bem assim. Resolveu ser mais audacioso. Tentou um pulo extraordinário, daqueles de fazer inveja ao Jadel Gregório (em ano olímpico, é sempre bom valorizar o esporte XD). E foi. Com fé. Bastante, diga-se de passagem. Só que, óbvio, aconteceu uma coisa não muito agradável. Na verdade, nada agradável. Extremamente detestável. Ele bateu a cabeça no globo do teto e caiu de mal jeito, quebrando o pé. Ficou inconsciente (era muito fraco pra dor), só acordando no dia seguinte, num quarto de hospital. Pra piorar, a enfermeira era lésbica.

Um comentário:

Nícholas Mendes disse...

caracaa...
que azar hein...
mas se bem que um par de lésbicas não ia nada mal,
naquelas camas de hopital.....