terça-feira, 15 de julho de 2008

A fibra

Ela era uma fibra. Vegetal. Estava numa árvore, dessas que se usam pra fazer papel. A condição de fibra acabava com ela, quer dizer, é uma indefinição muito grande, provocadora de graves crises existencialistas (nunca se sabe onde uma começa ou termina), mas enfim, isso é assunto pra um outro post. Ela ficara sabendo (não me pergunte como) que, um dia, viraria papel. Mal podia esperar. Seu maior sonho era ser folha sulfite, porém se contentava se fosse parar num caderno. Sentia até calafrios ao imaginar uma caneta, um lápis ou mesmo a tinta da impressora deslizando por ela. Até que, um dia, a árvore onde ela estava foi levada pra fábrica e passou por todos aqueles procedimentos de tirar a casca, picar, até virar papel. Já na embalagem, a fibra morria de excitação. Chegava a suar (?) de nervoso. Uma pena que ela não pudesse ver (??) o que acontecia à sua volta, pois estava no meio da folha, por sinal muito lisa. Estranhava que suas "colegas" estivessem tranqüilas, até mesmo melancólicas. Felizmente o papel foi comprado logo. Chegando à casa do seu novo dono, a fibra estranhou que não fosse para o escritório, e sim para um cômodo estranho, o qual ela nunca imaginara (obs.: a essa altura, seu ângulo de visão melhorou um pouco). Aí então ela caiu em si: já ovira falar nesse que era o inferno das fibras, mas, à essa altura, ela já estava limpando a bunda de alguém como você.

P.S: Destino mais triste pra ela, não?

Um comentário:

Bruno Diniz disse...

Nunca tinha parado pra pensar numa fibra...
novas reflexões!
:D