segunda-feira, 14 de julho de 2008

A vida como ela é

O sujeito usava óculos. Nada mais coerente pra quem tem 5 graus de miopia. Na verdade, 4,75 num olho e 5,25 no outro. É, ele era chato a esse ponto. Mas o problema é que chovia. Sim, eu sei que vão pensar "E o que tem chover?". Realmente, a chuva não possui nenhum grande significado. Agora quando você a coloca junto com óculos, as lentes embaçam. E isso atrapalhava a vida do pobre homem. De repente, ele percebeu que aquilo trazia um significado muito especial. O esperado seria alguma metáfora como a minha visão do mundo é embaçada pela água que me jogam ou qualquer coisa nesse sentido. Aí todos bateríamos palmas e elogiaríamos a veia poética do cara, a profundeza de seu pensamento. E daquele dia em diante a vida dele mudaria, do tipo "Meu Deus, preciso falar com fulano, o que eu fiz foi tremendamente errado", ou então ele terminaria dando uma de filósofo e ficaria o resto da história lamentando, enfim, teríamos um daqueles finais típicos de contos de revelação, onde qualquer peido vira motivo reflexões intensas. Felizmente, o homem é questão é absolutamente normal, daqueles vão ao banheiro (porque é impressionante como os grandes personagens têm suas necessidades mais básicas negligenciadas). E, naquele momento, um único pensamento perpassou sua mente: preciso usar lentes de contato

Um comentário:

Bruno Diniz disse...

olá...
estou certo de que, aqui, muitas outras coisas habitualmente negligenciadas serão discutidas.
sorte, e paz!
abraço.