domingo, 21 de setembro de 2008

Homenagem aos árcades

Relva macia. De um verde brilhante. E luz. Muita luz. Nessas ocasiões, é impressionante como o Sol aparece do nada e graciosamente oferece toda a sua luminosidade. Tiravam uma sesta embaixo do velho carvalho, daqueles repleto de histórias seculares que tanto nos encantam. Ele, abraçando sua linda esposa, de matar de inveja qualquer Marília, contemplava tudo o que tinham. O cenário maravilhoso. O filho, que brincava alegre com as ovelhas. Sim, pois esses animais não podiam faltar numa paisagem tão bucólica como a que pretendia ter. Naquele instante, longe da cidade, longe de todo o estresse, sentia-se um verdadeiro pastor, vocação para a qual a alma humana é naturalmente direcionada. (Pena que não rendesse tanto quanto aplicar em ações, mas enfim, nem tudo é perfeito...). O perfume das flores primaveris inundava-lhe a face, trazendo consigo um sopro de vida sem igual. Acariciou os cachos dourados de sua esposa. Olhou para o filho, que deixara as ovelhinhas para se divertir com uma borboleta. Realmente, não havia felicidade maior. Ao longe, o Sol começava a acanhar-se, descendo suavemente por sob a linha do horizonte. Era esse o momento em que Amor, solto pelos ares, começava a disparar suas setas, envenenadas com o néctar dos deuses, esse que é o sentimento mais profundo e reconfortante. A família precisava retornar para sua rotina. A única coisa que lhes dava forças era saber que, no próximo fim de semana, estariam nesse mesmo local, com algo ainda melhor: uma harpa que o pai mandara fazer. Este recolheu tudo, acordou a mãe, chamou o filho e voltaram pra conturbada urbe, para o seu áureo mas nem um pouco medíocre apartamento tríplex. A mulher, exausta, foi para seu quarto repousar. O homem, por sua vez, acompanhou o filho a uma espécie de sótão, trancou a porta e disse: "Tira a roupa que nós vamos fazer um filme bem legal. Será nosso segredinho, tá?"

P.S.: Créditos à Alzira (XD) e, mais uma vez, a Efeito Borboleta.

3 comentários:

Carol Mendes disse...

tocante e intrigande o minimo que se fez por completo uma história... gosto!
Obrigada pelo comentário apareça sempre pra ler...
até mais ver homem comum com nome frances...

Fernando Neves - KroSS disse...

Minha nossa, man! Que texto louco.
Achei super interessante a idéia de intertextualidade com Marília de Dirceu. AhAUIAhUI!!!
E sem dúvidas, o final é sempre interessante. Isso é uma especialidade sua, né? Acho que estou começando a ficar inpirado e antropofágico. xD

Hm. Por coincidência: adoro Harpas.

Outra coisa que acho interessante nos seus texto é a maneira que vc usa os pontos finais substituindo outros pontos gramaticais. Mtu bom.

Parabéns k'ra!

Só mais umas coisas: Vc conhece pessoalmente o Nícholas?! E os créditos a Alzira, essa seria uma p'sora de Literatura?!

O.o'?

Nícholas Mendes disse...

vou repetir as palavras do kross:
"E sem dúvidas, o final é sempre interessante. Isso é uma especialidade sua, né?"
já te disse isso antes não é?
que eu acho interessante o seu estilo de escrever.
mas por outro lado...vc eh um ótimo crítico.
depois eu preciso conversar com vc;.
me procura no orkut ou me liga qualquer dia.
realmente me bateu uma idéia.quero ver se vc aceita.
quam sabe nós dois não somos reconhecidos não?