sábado, 13 de setembro de 2008

Tempo . . .

Olhava fixamente um ponto. Não sabia qual. Aliás, não tinha a menor idéia de por que estava ali. Fato totalmente justificável frente ao terrível acontecimento pelo qual acabara de passar. Terrível, não. Traumatizante. Aterrorizante. Destruidor. Tudo o que mais queria, naquele momento, era a morte. Implorara por ela. Mas o destino, impiedosamente, não a trouxera. Por isso continuava lá. Sem nada para preencher seu vazio. Se ao menos pudesse voltar no tempo, evitar aquele instante crucial, aqueles parcos segundos que mudaram completamente sua existência. Só pedia mais uma chance. Será que era demais? Afinal, o que fizera para merecer tudo isso? Não podia, não queria acreditar em tamanha injustiça. O ponto à sua frente começou a piscar. O que estava acontecendo? Decerto, pra completar, ia desmaiar, ter um ataque, qualquer coisa do gênero. Tudo tremia freneticamente. Aí veio a luz. Forte. Estupenda. E então deixou-se levar. Mesmo porque não tinha força alguma para resistir. De repente, sentiu um baque. Estava novamente na fatídica sala. Todos conversavam. Alegremente. Não tinham idéia do que ia acontecer. Mas dessa vez não deixaria. Voltara ali justamente com essa finalidade. Caminhou para o canto, como se fosse invísivel. E deslocou aquela maldita mesa. Pronto. Sentiu um alívio. O peso da culpa sumiu. Ah, como estava feliz! Nada de ruim ia acontecer. Caminhou para a porta. Ouviu um estrondo. Clarão. Gritos. Poeira. Sangue. Tudo aconteceu exatamente como antes.

P.S.: Sob efeito borboleta.

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